DOM JOAO VI NO BEA2IL 467

tante da actividade irrequieta e atabalhoada de seu irmao Linhares, sem a chispa porem de genio que dava a este a superioridade. O espirito de Funchal era pequenino no sen- tido de nao ser elle homem para desdenhar vantagens mini- mas afim de, conforme procedia Palmella muitas vezes com resultado excellente, obter em troca favores maiores. Palmella gostava de concentrar sua attenqao no objecto capital da ne- gociac.ao : Funchal perdia-se facilmente nos detalhes que nao eram essenciaes, com elles malbaratando seu tempo e seus esforgos sem querer comtudo desprender-se da questao prin- cial. E este o senao dos diplomatas de carreira sem intelli- gencia superior.

Nascido de uma familia de diplomatas, diplomata por assim dizer de nascenga, Funchal tinha todos os caprichos, os melindres, as desconfiangas, os agastamentos e o espirito de intriga da classe, bem como possuia todas as qualidades do perfeito homem de salao. Suas relagoes eram das melho- res em toda a Europa. Os seus meios de agir eram conse- guintemente copiosos, tanto quanto escusadamente sinuosos, porque elle pertencia ao numero dos que julgam que em diplomacia, ao contrario da geometria, o caminho mais prompto nao e a linha recta. A razao sobretudo esta em que Ihe faltava a vista de conjuncto, ja nao direi a visao domi- nadora e prophetica de Canning, mas a propria visao pra- tica, sensata, atilada e lucida de Palmella, que sem aspirar a cousas extraordinarias, fora do alcance portuguez, ia pondo ao activo da sua corte resultados de ganho positivo, e espe- cialmente alcangado muito mais na sua fleugma, do que Funchal com toda sua agitagao.

O conde do Funchal devia ter experimentado uma grande decepcao por nao ser escolhido plenipotenciario ao

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