DOM JOAO VI NO BRAZIL 543

com que, conhecendo aquellas disposigoes, procedeu Dom Joao em todo o negocio.

Ja em 1812, liberto o velho Reino da ultima invasao franceza e empallidecida a estrella napoleonica na Penin sula, se fallava no regresso como imminente e ao mesmo tempo problematico. A carta de Marrocos de 17 de No- vembro assim se exprime a respeito: Tem-se espalhado aqui a noticia de que cedo vamos para Lisboa; mas este cedo nao pode ser menos que daqui a dous annos: algumas embarcagoes estao-se atamancando, para poderem navegar para a Bahia, afim de se aprontarem; entre ellas a Fragata Carlota. Estas vozes vulgares tern seus fundamentos, mas quern sabe a certeza deste destino cala-se; S. A. R. mesmo ouve que se quebrao as cabegas com os calculos, que se for- mao, e deixa-os nos seus desatinos: entretanto posso asse- gurar a V. Mce. que o barao do Rio-Secco esta edificando hum soberbo Palacio no Largo dos Siganos, onde he o Pelou- rinho; e outras Pessoas mais vao creando raizes muito fortes neste Paiz."

Em 1814 as esperangas pareciam ter diminuido muito. Sobre o ponto essencial, em que ahi tanto se ventila, da ida da Familia Real para esse Reino, devo dizer a V. Mce. para fazer callar os que fallao; que aqui nunca se pensou menos nessa materia do que agora. Deixe gritar quem qui- zer ao contrario, e deixe vir propostas dos Governadores do Reino ; porque ahi nao hao de sabelo mais depressa, do que eu aqui : e emquanto V. Mce. nao tiver participagao minha clara e desenganada, nao acredite ninguem que affirme o contrario" (i).

��(1) Carta de 12 de Maio de 1814.

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