DOM JOAO VI NO BRAZIL 45

i ptiveiro. Como muito bem escrevia Hippolyto no seu fa-

moso periodico : . . . ( I ) se nao tivesse o vasto Imperio do Brazil, deveria ( o Principe ) ir para fora, ainda que fosse para as Berlengas, ainda que se conservasse no mar sobre a vella, em siias esquadras; fora das garras dos tyran- nos, em qualquer parte que se ache, he o Soberano de Por tugal, sem se ver obrigado a assignar os documentos de re- nuncias nullas, que para salvar as vidas assignaram os So- beranos da Hespanha.

Os rumores da viagem em projecto, confirmados pelos constantes preparatives da esquadra nacional, chegaram na- turalmente a Franca e antes d isso a Hespanha, cujos gover- nos trataram de persuadir os diplomatas portuguezes junto a elles acreditados que semelhante resolugao era desneces- saria. D. Lourengo de Lima, embaixador em Pariz, a quern o Imperador ja annunciara o rompimento em Fontaine- bleau com uma das suas phrases concisas e bruscas, veio a mandado de Talleyrand para insinuar aos ministros do Prin cipe Regente que Napoleao se contentaria com uma appa- rencia do sequestro e que as negociacoes proseguiriam : na verdade o enviaram engodado para ganhar tempo e per- mittir a chegada a fronteira das tropas alliadas. Outro tanto veio contar o conde da Ega, embaixador em Madrid, tambem illudido pelo principe da Paz e pelo embaixador francez Beurnonville.

Antonio de Araujo - - que por isso foi mais tarde ac- cusado de traidor, pretendendo seus desaffectos fazel-o par- tilhar do absoluto desfavor em que cahiram D. Lourengo e Ega, compellidos ate a viver pobremente no estrangeiro - -, ao expedir as ordens para o sequestro dos bens britannicos que elle alias projectava de facto illusorio, chegou, quei-

(1) Correio i:ra.:ilicn>n. do Agosto de 1809, n. 15

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