DOM JOlO VI NO BEAZIL 53

do corpo, e que os navios estavam tao abarrotados que dos dependentes dos fidalgos da comitiva, o maior numero nao encontrava sequer onde dormir. Teria o dispersar sfdo tal que se conta que o Principe Regente, ao chegar ao caes com o infante hespanhol e urn criado, n um carro fechado e sem libre da corte, como Ihe fora aconselhado para evitar as demonstrates do sentimento popular avesso a retirada, nao encontrou para o receher persor.agem algum e, afim de nao patmhar na lama, teve que atravessar o charco sobre pran- chas mal postas, sustentado per c cus cabos de policia.

Estes pormenores do embarque de Dom Joao sao dados pela duqueza de Abrantes, cujo depoimento nao e comtudo completamente merecedor de credito, e contrastsm com a versao de uma gravura ingleza coeva, a qual reveste a par- tida de toda a solemnidade, destacando-se o coche do Pago entre magotes de gente da corte e do povo que com respeito o circumda. Alem da madeira e do cobre receberem sem protesto quaesquer buriladas, os Inglezes eram interessados n esta variante porquanto o seu governo fora no momento decisivo o mais forte advogado da trasladacao.

Os chronistas portuguezes guardam sobre os transes da partida da corte urn silencio curioso. Lamentam-na todos, censuram-na muitos, desculpam-na alguns raros, mas calam no geral as peripecias que a acompanharam. Uma descripgao quasi unica feita pelo visconde do Rio Secco, particular do Regente e a quern este incumbira especialmente dos aprestos da travessia, nao deixa entretanto duvidas sobre os genuinos sentfmentos da populagao da capital e abonam a versao Abrantes em detrimento da versao ingleza. " O muito nobre e sempre leal Povo de Lisboa, nao podia familiarisar-se com a idea da sahida d El-Rey para os Dominios Ultramari- nos. . . Vagando tumultuariamente pelas pracas, e ruas, sem

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