72 DOM JOAO VI NO BiUZIL

de sinos estridentes, os foguetes jubilosos e as salvas de ar- tilharia atroadoras; vendo cahir em volta de si urna chuva persistente e odorifera de folhas e flores, " langadas pelas maos da formosura e da innocencia" como escreve o chro- nista desappareceram momentaneamente do espirito do Principe as afflicgoes do lar sombrio e maculado, attenua- ram-se as angustias do Reino invadido e subjugado.

Nao eram para o .Brazil menos fundados os motivos de jubilo. A mudanga da corte, effectuada sob a egide da esquadra britannica, vinha muito a proposito n aquelle momento serenar os animos dos habitantes, alarmados com a perspectiva de ataques inglezes como o que acabava de soffrer Buenos Ayres, e tao justamente para receiar que, ao ser publicado o decreto de 20 de Outubro de 1807 contra as pessoas e bens dos subditos de Jorge III, fora por brigues especiaes mandada ordem aos governadores da Bahia e Per- nambuco e ao vice-rei no Rio de Janeiro para fortificarem do melhor modo suas cidades e adoptarem medidas de de- feza. Nao e pois de admirar que a alteragao d estas cir- cumstancias terroristas determinasse uma relaxagao que nas differentes capitanias, mesmo do interior, se traduziu por banquetes, serenadas, minuetes e mascaradas f estivas ( I ) . Mawe que, vindo do Rio da Prata, estava em S. Paulo quando o Principe Regente chegou a Bahia, diz que a no- ticia foi alii recebida com intensa alegria, occasionando pro- cissoes, foguetorios e outras demonstragoes mais ou menos ruidosas. Ajunta o viajante mineralogista que "o Imperio Brazileiro foi considerado estabelecido (2).

��(1) Hi-storia do Brazil desde 1807 ate ao presents. Lisboa, 1817- 34. Tomo VII.

(2) John IMaw-e, Tmvv1$ in the irtfarfar of 7Mr/:M in the gold and diamond districts, etc., London, 1812.

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