DOM-JOAO VI NO BRAZIL 795

aos seus instinctos bestfaes. E mister nao esquecer que d a- quellas mortes no bairro de Santo Antonio, quasi todas, foram culpados os facinoras libertados da cadeia e nao os soldados e milicianos, tanto que a ulterior occupagao, pelos regulares d esta revolucao em summa ordeira, do bairro do Recife, nao foi manchada por igual morticinio.

Pensava alias este segundo declarante que, nao se offe- recendo resistencia em parte alguma, se nao teria dado ma- tanga si nao fosse o boato de um appello feito pelo inten- dente da marinha (Candido Jose de Siqueira) aos tripolan- tes das embarcagoes portuguezas fundeadas dentro dos arre- cifes, que estimulou a violencia dos rebeldes e chamou a suspeigao e a ogeriza contra tudo que tivesse apparencia de maritime. Dos quatro homens de bordo da Perle que, corn receio da pilhagem, para la carregavam do armazem estabe- lecido pelo seu capitao para a venda a retalho, 17 a 18.000 francos em ouro, trez foram summariamente espingardeados e ao quarto apunhalaram nas costas e partiram um brac,o, nao o acabando os assassinos de matar e ate o levando para um hospital quando verificaram ser um Francez. O capitao assim se exprimio textualmente : Os negros livres e escravos, bem como os mulatos armaram-se de picas, machados, etc., e massacraram todos os que no primeiro momento tenta- vam f ugir, particularmente marinheiros ; os insurgentes tendo sabido que o filho do intendente fora a bordo das embarca- coes portuguezas surtas no porto, afim de pedir aos tripo- lantes que acudissem em soccorro dos realistas".

As peripecias essenciaes sao uniformemente relatadas, d ellas nao existindo, a bem dizer, duas versoes. O governa- dor continuou ate a ultima a ser homem de paz, sa- hindo do palacio a primeira descarga para encerrar-se na

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