DOM JOAO VI NO BRAZIL 799
razoes moraes : a ambigao positiva >de uns e a imaginosa chi mera de outros, as duas bolindo com os sentimentos nativis- tas, aggravando os despcitos e humanamente acirrando a cupide^. Teve portanto a revolugao pernambucana, e bem saliente, a sua formosa feigao, pois que captiva e iascina quanto rep resent a nobre aspiragao de liberdade, a qual sabe- mos nao vicejara no Brazil, nem mesmo depois que a trans- plantagao da corte determinara uma mudanga climaterica. O governo das provincias continuou muito a ser o das capita- nias : o governo do bom ou do mau tyranno. Feliz a terra quando, como a Bahia, se Ihe deparava um governador como Arcos que nos seus sete annos de governo (1810-1817), si nao deu ensanchas ao espirito politico, confundindo o civismo com a lealdade dynastica e equiparando o patriotismo a dedica- gao monarchica termos que se nao excluem, mas que po- dem viver separados pratica e efficazmente protegeu a in- strucgao publica, o desenvolvimento intellectual, as commu- nicagoes fluviaes, o commercio e a defeza militar.
A revolugao apresentou-se comtudo com suas vestimen- tas usuaes de indisciplina, desordem e violencia. Sua estrea foi o homicidio de militares de graduagao por officiaes sub- alternos e, para sustentar-se, si bem que a perfilhassem e favoneassem o clero nutrido de ideas francezas e a aristocra- cia territorial turgida de orgulho de nascimento e de senti- mento bairrista, tinha ella de tornar-se demagogica e, na falta de outro povo, appellar para a plebe de cor. A carta de um Portuguez a seu compadre, descrevendo a cidade depois do levante, diz que se nao viam mais do que casas fechadas, nao apparecendo nas ruas a gente branca, e que os patriotas negros e mestizos que pejavam as calgadas, em vez de anda-
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