DOM JOAO VI NO BRAZIL 835
espi rito e na corte das Tulherias tinha visto desfilar o que de mais culto e intellectual contava a Europa, a maior irn- pressao pela sua subtileza e instrucgao.
E verdade que monsenhor Caleppi, apezar dos seus 70 annos, se constituira o cavaliere servente da embaixatriz de Franca (i), cujo testemunho poderia portanto ser ta- xado de suspeito. Junot porem, escrevendo de Lis boa a mu- Iher dous annos depois, por occasiao da invasao, dizia elle proprio do representante pontificio que era com effeito um homem de summo espirito, ainda que o seu esta do habitual de finura e de astucia atabasse por ser enfadonho. O duque de Abrantes nao sabia entretanto n aquella data de quanto era capaz esse mestre de ironia.
O nuncio estivera para embarcar na esquadra que trans- portou a corte para o Brazil, tendo chegado Anadia, minis- tro da marinha, a expedir ordem para o reccberem e ac- commodarem a bordo de uma das naus. Nao podendo, com- tudo, no ultimo momento seguir viagem por doenca, verda- deira ou simulada, conservou-se em Lisboa durante boa parte do curto proconsulado de Junot, de quern nao lograva obter o passaporte indispensavel para embarcar com destino ao seu posto junto ao Regente de Portugal. O general so Ihe queria facultar sahida por terra, atravessando Portugal ja percorrido pelos regimentos inglezes e a Hespanba em sanguc, devastada pelos soldados de Napoleao e anarcbizada pelos voluntarios patriotas.
Caleppi esperou algum tempo uma opportunidade e achou por fim meio de se escapar, conta a duqueza de
(1) Mi-uioircs de la ducliossc d Abrantes.
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