850 DOM JOAO VI NO BRAZIL

Na da mais restava ao impetuoso e irreverente diplo- mata do que pedir seus passaportes, que Ihe foram sem tar- danga concedidos. A 24 o conde da Barca transmittia em circular ao corpo diplomatico acreditado no Rio copia de toda a correspondencia trocada.

O desacato em questao consta circumstanciadamente do curioso officio de Balk-Poleff ao seu chefe Capo d Istria, reproduzindo em forma dialogada a audiencia real de 20 de Maio. Qualquer narragao que d esta entrevista se quizesse tentar, se nao poderia approximar em verdade e chiste d essa conversagao por assim dizer tachygraphada e na qual se sente de um lado toda a ira, contida pelo respeito a magestade, do diplomata escarnecido e raivoso, e do outro lado toda a bonhomia velhaca do Rei, esquivando-se, encolhendo-se, ter- giversando, contemporisando, para no fim, com urna so phrase, assumir inesperadamente a responsabilidade da situa- gao e tornar impossivel o prolongamento da conversa, dei- xando o interlocutor perplexo e a descoberto.

Comega Balk-Poleff por informar que expressou ao monarcha a satis faccao que seu Amo sem duvida experimen- taria ao saber do restabelecimento da tranquillidade nos Es- tados portuguezes.

"El-Rei- -Nao duvido do interesse que toma vosso Imperador por quanto me diz respeito, mas o boato que correu e falso. O encarregado de annunciar qualquer boa nova segundo um signal convencionado, enganou-se tomando um

��de hoje em diante a sua Augusta Presenga ate que haja de constur n esta Corte a decisao de o. M. i. sobre o mencionado desacato, e sua devida satisfagao.

O abaixo assignado havendo assim cumprido as ordens pressas de El Rey seu Amo tern a honra de repetir a S. Ex. o Sr. Pedro de Balk-Poleff os protestos da sua mui distincta considera- gao. Palacio do Rio de Janeiro ern 2 2 de Maio de 1817. Conde da Barca.

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