864 DOM JOAO VI NO BRAZIL

O que mais notavel parece e que Barca, um mez antes de morrer, doente como ja estava ( I ) , tivesse tido ainda ener- gia para tanto. Da questao nada resultou ; a corte russa apre- ciou no seu justo valor o conflicto levantado pelo seu agente e bem correspondido pelo Ministro portuguez. O ultimo echo do incidente encontra-se no officio de Maler de 24 de Junho, em que communica ter-se Balk-Poleff decldfdo a partir por aquelle paquete, o que quer dizer que teve de esperar um mez no Rio de Janeiro. Ao pedido que fez ao encarregado de negocios da Franca de um passaporte para si e sua comitiva, respondeu Maler com a remessa do passaporte para elle so, por haver sabido que o desastrado diplomata ia partir acompanhado de um homem perdu de reputation ct crible de dettes ".

Mai se houve pois com esse embaixador e todavia Doin Joao VI, como era natural, tomava muito ao serio a cathego- ria da representagao diplomatica na sua corte e folgava em extreme com ver embaixadores ao seu lado. A Inglaterra nao Ihe queria dar esse gosto emquanto a corte nao regressasse para Lisboa, mas a Franga, depois da volta de Luxemburgo, tanto empenho mostrou o Rei que a 9 de Novembro de 1819 era nomeado embaixador no Brazil o general marquez de Saint-Simon, o qual, segundo o ministro de estrangeiros Dessolles participava ao seu collega da marinha barao Portal, devia seguir em navio de guerra.

Uma das razoes, e nao a menor, da deliberagao fran- ceza foi que, devendo-se renovar em 1820 o tratado anglo-

��(1) Em 1815, dous annos antes d este episodic, uma das car- tas de Marrocos dava Barca sem voz e sacramentado, informando : "A sua molestia he antiga, e esta muito aggravada : dizem ser mo- lostia das entranhas : eu nelle nao vejo senao inchagao e tremulen- cia ; e S. A. R. disse a rninha vista que elle ja nao podia assignar..."

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