992 DOM JOAO VI NO BRAZIL

de Debret, erguido pela Junta Real de Commercio, osten- tava suas figuras, allegorias e baixos relevos, tendo pintadas sobre transparentes scenas allusivas a Dom Joao VI : o seu desembarque no Rio e a protecgao por elle dispensada as artes e ao commercio. No meio da praga elevava-se um obelisco, imitagao de granito vermelho, fructo do estatuario Taunay.

O arranjo da praga fora confiado aos artistas francezes, que assim quizeram evocar, no templo o estylo grego, no arco o romano e no obelisco o egypcio, transplantando para o Rio a moda das decoragoes napoleonicas. Por uma ironia do destino, ao tempo que o conquistador penava em Santa Helena, artistas dos seus, dos que em Pariz tinham visto, quando nao preparado e executado suas apotheoses, trabalha- vam no Brazil para o monarcha emigrado, cuja acclamagao, no gosto das festas delineadas para a glorificagao do seu pode- roso inimigo, se verificava no seio de um outro continente, grande parte do qual obedecia ao Rei foragido e onde este havia ate alargado seus extensos dominios a custa dos adver saries de 1807.

Ja em Pariz o classico estylo napoleonico, de um classi- sismo meio barbaro, se ipuzera ao servigo dos Bourbons. Por isso escrevia Maler (i) que a decoragao do largo do Pago recordava aos Francezes o regresso de Luiz XVIII a sua capital, nao tendo Grandjean feito mais do que reeditar o templo construido ad hoc no Pont-Neuf.

Obelisco, arco e templo accendiam-se a noite clareando a bahia escura onde se destacavam, do outro lado, as foguei- ras ardendo sobre os morros da Praia Grande. As illumina- goes mais brilhantes foram comtudo as do Campo de Santa

��(1) Offlcio de 7 de Fevereiro de 1818.

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