DA MINHA ALMA.
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Triste, mesquinho sobejo
De vida tão gasta já;
De vida que, á luz eu vindo,
′N este oceano de dores,
′N um de seus impios rigores
Fadára-me a sorte má.

Mas um dia em que assomando,
Tinha a noite desdobrado,
Nitido manto esmaltado
Todo d′estrelaas mimosas,
A minha não divisando
Entre o concilio luzido,
Que do meu paiz querido
As noites faz tão formosas,

«É impossivel — dizia —
«Que Deus se lembre de mim,
«E minh′alma deixe assim
«Curtir tamanho pezar!
«Deus, que as dôres allivia
«Com seu influxo divino,
«Porque, vendo o meu destino,
«Não quer a minha abrandar?