DA MINHA ALMA.
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A pobresinha, —coitada!—
Não sabe repetir nada
Do que diz meu coração.
Não sabe num canto lindo,
—O meu coração ouvindo,—
Dizer seu sentir profundo;
Dizer que muito te quero,
Qu'em adorar-te me esmero,
Que és meu consôlo no mundo;
Que a par de ti sou contente,
E esqueço uma dor pungente—
Ella não sabe dizer;
Que dissipas o desgosto,
Que ás vezes me alaga o rosto,
Que ás vezes me faz gemer;
Que olvido amarga saudade
Nos transportes de amisade
Que tu me dás a fruir;
Saudade, que, não te vendo,
Me entréga a martyrio horrendo
Na dôr que me faz curtir.