abre as janellas — por onde penetra um longo, sombrio e suspeito tumulto de brados.

Mas eis um ajudante de campo annunciando que a turba está em plena revolta, assalta os postos da guarda, e começa a saquear as lojas. Que espanto para o pobre Hermann! O quê! Pois o povo não comprehende que elle o ama, e que trabalha para a sua felicidade, e que vae elle proprio, socialista coroado, fazer lentamente e de alto, a revolução social?

Não, o povo não parece comprehender, porque rompeu justamente a apedrejar as janellas do palacio. Já uma pedra ia matando o principesinho real, uma pobre creança doente, nos braços da sua governante. Hermann afflicto corre a uma varanda, para gritar ao povo toda a verdade. Cae sobre elle uma saraivada de calhaus. E não são já sómente calhaus — são tiros. Outro ajudante, esgazeado, corre a contar que a guarda real está sendo desarmada pelo povo. É a revolução! Que fazer? Madame Sarah Bernhardt (que é aqui magnifica) arrasta-se aos pés de Hermann, supplicando-lhe que salve a corôa, que salve o reino! Ainda é tempo! As tropas, absolutamente fieis, estão nas ruas, só esperam uma ordem para carregar, varrer a populaça!... Mas Hermann hesita, livido, n’uma agonia, gritando sómente: — «Oh! os brutos, os brutos, que não comprehendem!»

Outro ajudante. A revolução triumpha! Vae acabar o reino secular da Alfania! Já o povo quebra as portas do palacio. Em pouco aquella rica cidade