tempestuosamente agitada entre a anarchia e a tyrannia, é uma serie lacrimosa de martyrologios.

O caracter social da Italia é então a divisão levada até á ultima molecula social. As cidades vivem isoladas, n’um violento ciume mutuo, travando constantemente guerras e trahindo-se com uma perfidia que ficou proverbial. Dentro das cidades, os cidadãos vivem tão divididos como ellas, armando todos os dias brigas de rua a rua, e de cada casa fazendo a cidadella de uma facção. E dentro das casas as familias estão ainda sombriamente divididas, e paes, e filhos, e irmãos não se reunem na mesma sala sem trazerem cautelosamente debaixo dos gibões o seu punhal escondido. Todavia, todo este mundo mutuamente hostil se injuria na mesma lingua, lê o mesmo Ariosto, reza á mesma Madona, celebra as mesmas festas civicas, e sente o orgulho commum da grandeza passada. Mas o longo habito da vida local, do governo communal, lançara raizes profundissimas, creára no italiano como um modo especial de pensar e de sentir, que o abandonava indefeso ás violencias da demagogia, ao abuso da força e da intriga dos pequenos tyrannetes, á ferocidade de todos os invasores. Accrescia que estes velhos instinctos municipaes eram explorados machiavellicamente pelos papas, que se serviam d’elles para esmagar em qualquer dos Estados a menor tendencia á hegemonia, e através d’ella á formação de uma Italia unida. Soberano espiritual, o papa não podia soffrer ao seu lado um soberano temporal; — e para man