as galas e as mascaradas, decretando a fórma do penteado das damas, condecorando com a Ordem da Corôa os officiaes que melhor valsam nos cotillons, e querendo volver Berlim n’um Versailles d’onde emane o preceito supremo do cerimonial e do gosto. O mundo sorri — e repentinamente é o Rei-Moderno, o Rei-Seculo-Dezenove, tratando de caturra o Passado, expulsando da educação as humanidades e as lettras classicas, determinando crear pelo parlamentarismo a maior somma de civilisação material e industrial, considerando a fabrica como o mais alto dos templos, e sonhando uma Allemanha movida toda pela electricidade...

Depois, por vezes, desce do seu palco — quero dizer, do seu throno — e viaja, dá representações atravez das cortes estrangeiras. E ahi, desembaraçado da magestade imperial, que em Berlim imprime a todas as suas figurações um caracter imperial, apparece livremente sob as fórmas mais interessantes que póde revestir nas sociedades o homem de imaginação. A caminho de Constantinopla, singrando os Dardanellos, na sua frota, é o artista que em telegramma ao chancelier do império (em que assigna Imperator Rex) pinta, n’uma fórma carregada de romantismo e côr, o azul dos céus orientaes, a doçura languida das costas da Asia. No Norte, nos mares scandinavos, entre os austeros fjords da Noruega, ao rumor das aguas degeladas que rolam por entre a penumbra dos abetos, é o Mystico, e prega sermões sobre o seu tombadilho,