lhe seja trazido por exercitos alheios n’uma planicie da Europa, a Allemanha immediatamente concluirá que a sua tão annunciada alliança com Deus era uma impostura de despota manhoso.

E não haverá, então, da Lorena á Pomerania, pedras bastantes para lapidar o Moysés fraudulento! Guilherme II está na verdade jogando contra o destino esses terriveis dados de ferro, a que alludia outr’ora o esquecido Bismarck. Se ganha dentro e fóra da fronteira, poderá ter altares como teve Augusto (e de facto tambem Tiberio). Se perde, é o exilio, o tradicional exilio em Inglaterra, o cabisbaixo exilio, esse exilio que elle hoje tão duramente intima áquelles que discrepam da sua infallibilidade.

E não se mostraram já os prenuncios vagos do desastre? O grande imperador, ha dias, recebeu apupos nas ruas de Berlim. As plebes desconfiam de Guilherme e do seu Deus. E (signal temeroso) os pensadores e os philosophos que foram sempre, na muito intellectual Allemanha, os formidaveis esteios do despotismo militar dos Hohenzollerns, começam a amuar com o throno, e a retroceder, pelos caminhos vagarosos do liberalismo, para o povo e para a justiça social de que elle tem a consciencia ainda tumultuosa, mas exacta. Onde estão os tempos em que Hegel considerava a autocracia prussiana quasi como uma parte integrante da sua philosophia e da ordem do Universo? Onde estão as admirações de Herbat pelo «Estado concentrado no Soberano?» Onde estão esses altos entendi-