exercia sobre os fidalgos. A plebe não gosava a honra de ser encarcerada na Bastilha. Se a sua destruição deve regosijar uma classe, será a classe nobre, a aristocracia do bairro Saint Germain. A essa competia alugar a orchestra e polkar no dia 14 de julho. Em vez d’isso, a aristocracia, n’essa data illustre, volta a face com tedio, cerra as vidraças, foge para o campo, a esconder-se nos parques. Lamenta portanto a perda da Bastilha. Quereria ainda, no meio de Pariz, as quatro grossas torres onde pudesse ser sepultada pro vita ao bel-prazer d’El-rei. Ora, se a aristocracia, que é a interessada, não se regosija com o dia que a libertou — porque se ha-de regosijar o povo de Pariz?


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Além d’isso, festas decretadas, impostas por lei, nunca se tornam populares, nem duram, porque são horrivelmente ficticias. É o que succede com os anniversarios de Constituições. Nos primeiros tempos, quando ainda vivem os homens que fizeram a Constituição, lá se vão pondo pelas janellas alguns molhos de bandeiras, e lá se accendem algumas centenas de lanternas, que fazem sahir á noite para a rua as famílias, a «gosar a illuminação». Depois os annos passam, pouco a pouco se vae esquecendo o facto mesmo de que existe uma Constituição, a municipalidade diminue as lamparinas, já ninguem sáe á rua, e a data gloriosa só fica interessando os estudantes que têm feriado.