habitantes e da riqueza dos habitantes. Póde, querendo, doar, hypothecar, trocar ou vender o reino com tudo o que está dentro das fronteiras.

É uma posse agradavel. O povo, por seu lado, considera o rei não só como seu dono, mas como seu deus. E a formula religiosa (como se dissessemos o artigo da Constituição) que define as relações e deveres entre povo e rei é esta: «Do rei o povo recebe a vida, o movimento e o sêr».

O rei tem um nome immenso, chama-se Prabat-Tomedetch-Pra-Parammdir, etc., etc., etc. Todo elle não caberia em cincoenta linhas. E de cada vez que se falla ao rei (só os nobres gosam esse privilegio) é da etiqueta invocal-o com o nome todo.

Uma conversa com Sua Magestade dura, assim, longas e longas horas, por causa do nome. De facto a mais laboriosa e pesada occupação da corte é pronunciar o nome d’el-rei.

Pessoalmente, o rei é um homem excellente, cultivado, affavel, gracejador, bondoso. É mesmo bonito, para siamez.

E as suas maneiras têm nobreza. O que a estraga é o seu illimitado poder, a sua posição de divindade, e a prodigiosa, inverosimil adulação que o cerca. Assim é uma regra (e cumprida com fervor) que todo o siamez que tem uma filha bonita a dê de presente ao rei. As suas concubinas officiaes excedem em numero as de Salomão. São aos milhares. E o rei, apesar de novo, de não contar ainda quarenta annos, já tem cento