ve. Estava quasi arruinado — e a menina e o marido não estavam saciados. Ao contrario, fartos das pequenas sommas «que não luzem», queriam a grossa somma — e, com ameaças mais ferozes, forçaram o infeliz homem a assignar uma lettra promissoria de perto de setecentos mil francos.

Buloz, todavia, já tinha dado mais de um milhão!

Segundo elle affirma, Buloz queixou-se á policia. Mas, ao que parece, os dous bandidos, por isso mesmo que estavam ricos, tinham já adquirido respeitabilidade e amigos. Havia grossas influencias que os protegiam contra as queixas de Buloz — influencias pagas talvez com o dinheiro sacado a Buloz. Alliança de «tubarões» — como diria Balzac. O facto é que a policia se conservou n’uma magistral indifferença. Então, estonteado, desesperado, Buloz, um dia, foi contar tudo á sua mulher e á sua Revista. Immediatamente, implacavelmente, Mme Buloz se separou do seu marido, e a Revista dos Dous Mundos se separou do seu director. E o grosso escandalo domestico e litterario estalou sobre Pariz.

Que fará em definitiva Mme Buloz? Sobretudo, que fará em definitiva a Revista dos Dous Mundos? Era esta, durante semanas, a interrogação anciosa de Pariz, que, mais que nenhuma outra cidade da Europa, se compõe de comadres mexeriqueiras. A solução não tardou — e cruel.

Uma sentença do tribunal dos divorcios pronunciou seccamente o divorcio entre Buloz e Mme Buloz.