mais intimos—é a arte. É a união d'estas duas forças que constitue verdadeiramente o genio; é o que tem feito a apotheose dos poetas eternos. Ora, sr. Castilho, ao estudo e contemplação objectiva de todos estes factos do nosso espirito, á sua reducção a sciencia é que se chama Esthetica, do mesmo modo que as cathegorias do raciocinio formam a Logica. Antes de Aristoteles ter determinado as leis syllogisticas, ninguem tinha pensado, segundo o modo de vêr do sr. Castilho, ou pensava-se bem sem ellas. O sr. Castilho não é bom Homero, mas dormita sempre embalado ao canto das cigarras debaixo da olaia, e não sabe o que é o homem, nem procura saber a razão do movimento da sua epoca.
Mas para que serve a Esthetica?
É facil de ver. O homem obrando primeiramente por impulsos instinctivos, tende continuamente a emancipar-se d'essa fatalidade tornando todos os seus actos do dominio da consciencia; as sciencias nascem d'este mesmo esforço incessante; não chegam a constituir-se antes de uma longa observação de factos successivos em que se basêem. A Esthetica é a consciencia do sentimento do bello; mas como o sentimento do bello é a communicação espiritual do homem com o mundo, vem a Esthetica a ser a synthese de todas as outras sciencias que procuram as propriedades e qualidades das coisas materiaes. E o ideal? É a passagem da realidade natural para a realidade artistica.
Sobre tudo uma das primeiras condições da arte é a verdade; e a verdade nunca se encontra aonde não ha caracter. A arte sem a verdade dá as ampliações rhetoricas, insuffladas de synongmos, a que entre nós se chama estylo classico, á Frei Luiz de Sousa, em que se relê depois de lêr, e