Mal sabia ele que estes dois minutos iam decidir da felicidade da filha.
Hermano esperou, com a emoção que assalta todo homem de caráter ao tomar grande responsabilidade. Não era a primeira vez que tinha essa emoção. Lembrou-se do momento em que pedira a mão de Julieta. O passado, que parecia morto, ressurgiu e apoderou-se dele.
Ficou estupefato, vendo-se ali naquela casa e encontrando-se nessa última fase de sua existência, que ele se espantava de ter vivido. Parecia-lhe sonho esse período. Não compreendia como ele, o marido de Julieta, acreditara que pudesse nunca substitui-la por outra mulher.
O capitalista concluiu a sua conta e voltou-se para a visita. Trocaram algumas palavras sobre o calor que tinha feito durante o dia, e calaram -se.
— Está próxima a sua viagem à Europa? disse Hermano depois de uma pausa.
— E verdade! Daqui a dois meses.
— Sabe que já fiz esta viagem? Posso dar-lhe algumas informações úteis.
Hermano falou um quarto de hora sobre Paris e Londres sem consciência do que dizia; o Sr Veiga ainda absorvido nas suas parcelas de caixa não lhe prestou a menor atenção; e assim terminaram a entrevista.