Na chácara contígua à do Sr. Veiga, pelo lado esquerdo, morava um desses homens que o povo designa com o nome de esquisitos.
Os amigos o chamavam Carlos; os estranhos tratavam-no por Sr. Hermano; ele, porém, costumava assinar-se H. de Aguiar.
Para merecer do vulgo a qualificação de esquisito, basta às vezes sair da trilha batida; mas o Sr. Hermano tinha com efeito hábitos e ações que excitavam o reparo e lhe davam certo cunho de originalidade.
Não se lhe conhecia profissão; sabia-se entretanto que era abastado, pois além da chácara de sua residência, possuía apólices e prédios na cidade.
Sua casa vivia constantemente fechada na frente, e tinha o aspecto de uma morada em vacância pela ausência do dono. Quem olhava pela grade do portão, sempre trancado, não descobria outro indicio de habitação a não ser o fumo da chaminé.
Todavia nas raras vezes em que soava a grossa campa da entrada, aparecia logo um velho criado, todo vestido de preto, que introduzia a visita com uma cortesia respeitosa mas fria e taciturna.