e da mesma forma o livro que Hermano lia à noite, um volume de Spirite de Teófilo Gautier.
A perturbação que a descoberta de tais particularidades lançou no espírito de Amália, cresceu com a leitura salteada de alguns trechos daquela obra fantástica. Uma luz sinistra, como a do relâmpago, feriu c seu pensamento; compreendia enfim!
O amor de Hermano era uma demência. Não fora uma mulher que ele havia adorado, e adorava ainda; mas um fantasma, um ente de sua imaginação. Esse ideal, ele tinha encarnado em Julieta, desde o primeiro momento em que a vira.
Por que misteriosa relação se havia operado essa transfusão, ninguém o poderia explicar, senão por uma afinidade moral.
Morta Julieta, o ideal se tornara outra vez fantasia ou sonho, até que pela mesma ignora afinidade se encarnara de novo na imagem de painel do Veroneso, Ester ou Suzana, como dissera o Teixeira, referindo a visita ao Louvre.
Estas figuras, pensava Amália, são a cópia daquela imagem, a que Hermano dera o nome de Julieta por ser o da primeira encarnação viva de seu ideal. Mas elas não tinham nada de comum com