mesmos objetos, e cada um como ela os colocara. Ninguém ali penetra senão Carlos e o Abreu. Esse criado velho adorava a menina, que ele trouxe nos braços desde o dia de seu nascimento. Também para ele, a dona da casa ainda vive, e governa o interior.
-- Temos, pois, aqui na vizinhança um hospital de doidos! atalhou Amália.
--Não me entendeu.
-- Ora, seriamente, doutor, o senhor comprometeu-se a si e ao seu sexo. Obrigou-se a apresentar um modelo de fidelidade conjugal, e só o pôde encontrar como enfermidade. Confesse: a constância de seu amigo é apenas uma mania, e o senhor não foi sincero quando, há pouco, pretendeu convencer ao Borges.
--Tão sincero como agora. Carlos não tem o menor eclipse na sua razão calma e forte.
-- Mas como se chama essa alucinação?
-- É uma superstição a que estão sujeitos todos os que vivem pelo espírito.
-- Não sabia.
--Só não as têm os materialistas, aqueles para quem Deus é um absurdo, a pátria e a família uma comandita; gente que reduz a inteligência a um pouco de fósforo, e a virtude a uma convenção. Esses vivem fisicamente; são corpos que