e não teve o menor desejo de vê-la. Isso observei eu.
-- Em todo caso, doutor, para fazer-lhe a vontade, convenho em que seu amigo será um homem de muito juízo, mas não aqui neste mundo; no da lua talvez.
-- Devo dizer-lhe que a principio também inquietou-me aquele estado; busquei um pretexto para tocar nesse ponto delicado. Carlos compreendeu-me logo e respondeu com franqueza: ?É verdade; há ocasiões em que sinto Julieta perto de mim, e em que vivo com ela, como outrora. É a sua alma que me acompanha, ou é a minha lembrança que a tem sempre viva e presente ao meu espírito? Seja o que for, isso me consola e me restitui a felicidade que perdi. Que necessidade tenho eu de investigar este mistério ou dissipar esta ilusão? Não há maior mistério e maior ilusão do que a vida; e nós vivemos sem conhecer, nem a nossa origem, nem a realidade de nossa existência?. Eis as palavras que ele me disse, e com a maior simplicidade e placidez de ânimo. A razão e a ciência não teriam outra linguagem; e quer a senhora que eu qualifique de mania essa plenitude de consciência?