da moça. Por esquecimento ficara aberta uma janela, não do toucador, mas da sala próxima. Foi o Abreu, ao escurecer, quando andara ali a espanar, que a deixara assim, talvez para arejar o aposento, contando fechá-la mais tarde.

Amália alvoroçou-se com esta circunstância; mas logo conheceu que nada adiantava. Era-lhe impossível distinguir coisa alguma na escuridão da sala. Já ia retirar-se, quando renasceu-lhe a esperança. A lua assomara sobre o dorso do Corcovado; a sua claridade alva e doce como a luz coada por um globo de cristal diáfano estampou-se nessa face da casa.

À medida que o astro elevava-se no horizonte, essa faixa de luar cortada pela cornija do teto desdobrava-se sobre a parede.

Amália seguia com ansiedade o perfil luminoso, impaciente de que penetrasse no aposento e o esclarecesse.

A princípio nada pôde distinguir porque as réstias mutilavam os objetos, deixando uma parte na sombra. Chegou, porém, o momento em que viu. A sala fora inundada pelo luar; e o interior aparecia como uma cena de teatro, iluminada pela