destino.

D. Felícia enchera-se de esperanças; e julgou-se dispensada do sacrifício da viagem à Europa, à qual só extremos de mãe a obrigariam. A prudente senhora sempre entendera que, de todas as mudanças de clima, a mais proveitosa para uma menina depois dos dezoito anos era essa que ela faz da casa paterna para o domicílio conjugal.

-- Qual Vichy!... dizia aos médicos. Não há como água da pia.

Entretanto os dias corriam; e o acontecimento esperado não se realizava. Debalde a senhora chamava constantemente a conversa para o assunto da viagem, e insistia na proximidade da partida, lembrando as mágoas da separação.

Os dois apaixonados, absorvidos consigo, não a escutavam. Para eles não havia nem passado, nem futuro. A vida resumia-se no presente; e o presente era aquela íntima efusão em que se isolavam dos outros, em um canto da sala.

Uma vez, porém, D. Felícia interrompeu a confidência de todas as noites para interpelar diretamente a filha.

-- Amália, teu pai amanhã vai escolher os camarotes. Não queres ir com ele?

-- Tão cedo! observou o Borges. Ainda faltam dois meses.