A’ mesma gruta. Eu lá, se teu consenso
Me asseguras, atada em jugo estavel
Lh’a offertarei, sendo Hymeneu presente.»
Não adversando, ao rógo Cytheréa
140Annúe, e riu do solapado engano.
A aurora do oceano emtanto surge:
Dos mancebos a flor madruga ás portas,
Com laços, redes raras, com venabulos
De larga choupa; os equites massylos
145Com farejantes cães de trote rompem.
No camarim detendo-se a raínha,
A’ entrada os Penos principaes a esperam;
Em ostro e ouro o palafrem cosido,
Tasca o freio espumante, ardego e fero.
150Assoma alfim da côrte ladeada:
A chlamyde sidonia lhe circumda
Multicôr franja; á banda aljava de ouro,
Trança em ouro a madeixa, e lhe conchega
Fivela de ouro a purpurina veste.
155Não falta a phrygia companhia, e alegre
Marcha Iulo. Galhardo mais que todos,
Socio Enéas se aggrega, e a sua escolta.
Phebo, quando abandona a Lycia hiberna
E o caudal Xantho; e, ao visitar a Delos
160Materna, instaura os coros, pelas aras
Mistos Cressos e Dryopes fremindo
E Agathyrsos pintados; por cabeços
Do Cyntho airoso pisa, e o crino undante
Atilando, enredado em molle folha,
165De ouro ennastra; o carcaz aos hombros tinne:
Não menos senhoril Enéas ia;
Tanto garbo transluz no egregio rosto!
Chega-se a alpestres montes e ínvias furnas:
Eis, de ingrime rochedo despenhando-se,
170Bravias cabras pelos picos pulam;