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ENEIDA. — LIVRO I.

Teu nome, e os rêis pelasgos. Sempre ufano
Da anciã linhagem teucra, elle offendido
Com enthusiasmo elogiava os Teucros.
Eia, á minha morada, ó moços, vinde.
660Por transes mil trazida, iguaes destinos
Cá me fixaram. Não do mal ignara
A soccorrer os miseros aprendo.»

Isto a Enéas memora, e o guia aos paços,
E em solemne festejo occupa as aras.
665Nem de enviar aos nautas se descuida
Touros vinte, co’as mães cem gordos anhos,
Cem corpulentos sedeúdos porcos,
E o doce mimo do jocoso Bromio.

Luxo esplende real no interno alcaçar,
670E opiparos banquetes se adereçam:
Primoroso o tapiz, de ostro suberbo;
Nas mesas prataria; em ouro a historia
Patria esculpida, successão longuissima
De uns a outros varões desde alta origem.

675Saudoso, impaciente, o pae de Ascanio
Todo em seu filho está; para informal-o
E o conduzir de bórdo, expede Achates.
De troico exicio as preservadas prendas
Venham tambem: de escamas de ouro um manto
680Brocado, um véo com orlas e recamos
De croceo acantho, ornatos peregrinos.
Dons maternos de Leda á bella Argiva,
Que a Pérgamo os trouxera de Mycenas
Á incasta boda; e o sceptro que Ilione,
685Filha a maior de Priamo, hastiava,
E engranzado collar de perlas finas,
E aurea coroa de engastadas gemmas.
Executivo ás naus caminha Achates.

Nova traça urde a Cypria, alvitres novos;
690Que Amor, no meigo Iulo transformado,