Enche a taça, que desde Belo usaram
Seus avós. Nos salões tudo em silencio:
«Jupiter, se he que aos hóspedes legislas,
765Tam fausto alegre dia aos meus e aos Phrygios
Faze aos vindouros memoravel: Baccho
Porta-jubilo assista, e a boa Juno;
Vós o convite celebrai-me, ó Tyrios.»
Em honra então na mesa o vinho entorna,
770Com seus labios o toca, e o dá libado
A Bycias provocando: elle aguçoso
Empina a espumea taça, em transbordante
Ouro se ensopa: toda a côrte o imita.
Logo entoa as lições do sabio Atlante
775Em aurea cithara o crinito Iopas:
Canta a solar fadiga, a Lua instavel;
Donde homens e animaes, bulcões e raios;
Donde o nimboso Arcturo, e os Triões gemeos
E as Hyadas provêm; como apressados
780Se tingem no aceano os soes hybernos,
Ou que demora estorva as tardas noites.
Penos e Troas á porfia o applaudem.
O serão entretida ia estirando
A infeliz Dido, e longo o amor bebia,
785Müito de Priamo, inquirindo müito
De Heitor; que armas da Aurora o filho tinha,
Diomedes que frisões; que jando Achilles.
«Do princípio antes, hóspede, as insidias
Graias, dice, nos conta, e o patrio excidio,
790E errores teus; que já seteno estio
- ↑ No original de Odorico, faltam estas aspas, óbvio erro tipográfico.