Despida a espada, a Euryalo se envia;
Niso attonito grita, nem se encobre
Na treva mais, que a dôr o não consente:
«A mim o ferro, a mim que tenho a culpa,
420Rutulos, convertei: nada ousou este,
Nem poude, aos céos o juro e aos conscios astros;
Sim quiz muito a um amigo desgraçado.»
A taes razões, o estoque iroso as costas
Vara e ao coitado o branco seio rasga;
425Tomba Euryalo, em sangue os pulchros membros,
No hombro a cerviz debruça moribundo:
Ao talho assim do arado, fallecendo
Murcha a rosa; ou, das chuvas aggravada,
O collo inclina a languida papoila.
430Niso arremette, ao só Volscente busca,
Só quer-se com Volscente; em massa o atacam:
Desinvolto rodêa, e pela bôca
No Rutulo bramante esconde o gume
Fulmíneo; a vida arranca-lhe morrendo.
435Aberto em chagas, sôbre o amigo exanime
Se deita, e expira em placido socêgo.
Par ditoso! terás, se em verso eu valho,
Perpétua fama, emquanto o pae de Roma
O orbe domine, e a geração de Enéas
440Do Capitolio habite a rocha immovel.
A prêsa, o espólio, o morto os vencedores
Levam chorando. He mór no campo o lucto,
N’um morticinio achados com Ramnetes
Numa exsangue, Serrano e tantos cabos:
445Os semivivos corpos e os finados
Contempla a turba, e o chão que da carnagem
Fuma, e em regatos o espumante sangue.
Nos despojos conhecem de Messapo
O elmo, os jaezes com suor cobrados.
450Já largando a tithonia crócea cama,