Sôbre o immenso pavez se estira e toa:
Qual, em Baias euboica despenhado
Saxeo pilar, com mole ingente erguido,
Cahe no golpho arruínando e em vaos se acrava;
700Turbido o mar, remexe arêa e lodo,
Treme a alta Prochyta, Inarime ecchoa,
Covil duro a Typheu por Jove imposto.
Fuga e atro medo aos Teucros infundido,
Marte aos Latinos o acre ardor aviva;
705Que, dado o ensejo, intrepidos concorrem,
E o deus armipotente embebem n’alma.
Ao vêr o irmão por terra, o angusto caso
E má fortuna, Pandaro a couceira
Torce, á porta arrimando os hombros largos;
710Mas, fóra em transe amaro os seus deixados,
Recolhe uma torrente de inimigos:
Nescio! em Turno impetuoso não repara,
Que entre a chusma na praça está mettido,
Como entre gado imbelle immano tigre.
715De olhos corisca, horrendo as armas soam;
No cimo a tremular sanguineas cristas,
Ascuas fuzila o escudo. A catadura
Conhecem logo do membrudo chefe
Turvados Teucros, e o gigante pula,
720Férvido e iroso da fraterna morte:
«Esta a régia dotal não he de Amata,
Nem de Ardea o patrio muro a Turno encerra;
Vês hostís arraiaes, sahir não podes.»
Turno surri tranquillo: «Anda, se es homem,
725Vem combater; e a Priamo refiras
Que outro Achilles achaste.» Aqui sacode
Com summa fôrça Pândaro escabrosa
Lança de asperos nós; que, no ar frustrada,
Por Saturnia, retorce e o portal ferra.
730«Pois da arma que manejo não te eximes;