Esse teu pae divino e rei dos homens.»
Dice, e lhe extrahe do corpo o tenaz pique:
Urge-o repouso duro e ferreo somno,
E em noite fecha eterna os baços lumes.
735A Hydaspes Sacrator, a Alcatho Cédico,
Rapon tronca a Parthenio e o válido Orses;
Messapo a Clonio e o Arcade Ericetes:
Um do infrene corsel, derriba o outro
Pedestre a pé. Soccorre-os Agis Lycio,
740Talha-o Valero com denodo avíto;
A Thronio Salio; a Salio o bom Nealces
Em dardo ou setta ao longe traiçoeira.
O lucto e os funeraes Marte equilibra:
Morrem, matam, vencidos, vencedores;
745Não se rendem, não cedem, não fraquêam.
Tanta ância nos mortaes, e de uns e de outros
O vão furor a Jove e ao céo compunge:
Aqui Venus attenta, alli Saturnia.
Pallida a Erynnis[1] urra e assanha as turbas.
750Torvo, a librar Mezencio enorme lança,
Entra em campo, e se mostra em vastas armas:
Como Orion, de espadoas fóra d’agua,
Rasga a pé de Nereu o immenso lago;
Ou, dos serros trazendo o annoso freixo,
755Anda em terra, e nublada a fronte esconde.
Enéas, que o lubriga, avança prestes.
Firme em seu pêso, intrepido elle aguarda
O brioso adversario; de olhos mede
Assás distancia ao tiro: «Agora, exclama,
760Deus he meu braço e o remessão que vibro.
Do salteador Enéas eu te voto,
Lauso, em trophéo, do espólio seu vestido.»
Hasta eis voa estridente; que, do escudo
Repulsa, aos hypocondrios vai pregar-se
765Do egregio Antor, de Alcides companheiro;
- ↑ No original, está Erynnnis.