Passa o cavallo, adversa o freio prende,
E se despica no inimigo sangue:
O sacro açor tam facil de alta penha
Adeja, empolga a remontada pomba,
700De unhas aduncas no ar a desentranha;
Chove o cruor de cima e avulsas pennas.
Não descuidado olhando, o pae supremo
Do Olympo isto contempla; e, ao sevo marte
O etrusco Tárchon suscitando, o irrita
705E estimula e exaspera. Entre a matança
E as frouxas alas eil-o a trote corre,
Grita aos seus, um por um nomêa e instiga;
Alenta e o prelio instaura: «Ó vis Tyrrhenos,
Fracos sempre e insensiveis, tanta ignavia,
710Tal medo vos quebranta? as vossas turmas
Uma mulher derrota e as afugenta.
Porque o ferro cingis e empunhais lanças?
Lerdos não sois de noite em cyprias lides,
Ou, se aos coros vos soa a curva tibia,
715Para o banquete lauto e lieus copos;
Vosso amor, vosso estudo: aos bosques santos
Ide, hostia gorda e o augur vos convida.»
Então, perecedouro, o bruto pica,
Turbido aferra a Vénulo e o desmonta,
720Abraçado com impeto o arrebata.
Clamor se ergue; ante os olhos dos Latinos,
Tárchon fulgureo voa, e pelo campo
Leva o armado varão: quebra-lhe a choupa
Da haste, e a parte esquadrinha onde lh’a enterre.
725Fôrça elle oppondo á fôrça, renitente
Sustêm, repelle do pescoço a dextra.
Quando aguia fulva a surto prêa a serpe,
Pés nella e a garra implica; vulnerado
O dragão volve as sinuosas roscas,
730Hirta a escama, se enrija e silva e empina-se;