A virago Juturna, apavorada,
Por entre os loros a Metisco, auriga
De Turno, ao longe do timão sacode:
Monta, e maneja e dobra undantes bridas;
455Finge a voz de Metisco e a fórma e as armas.
Qual de rico senhor por tectos e atrios
Fusca andorinha adeja, cata e indaga
Para os gárrulos ninhos o cibato,
E ora por vacuos pórticos, chilreira,
460Ora por tanques humidos revoa;
Tal a trote Juturna, entre inimigos
Percorre tudo no ligeiro carro,
Do irmão fazendo alardo: á lucta o esquiva,
Por desvios o aparta. Enéas obvio
465Lesto os rodeios corta, e á pista a vozes
De hostes esparsas pelo meio o chama:
Sempre que a Turno olhos desfere e emúla
O curso dos alípedes cavallos,
Juturna o evade retorcendo o coche.
470Ah! que obrará? fluctua em varios estos,
E differentes cuidos o arrebatam.
Leve armado, Messapo dous virotes
Na sestra acaso tinha; um vibra e acerta:
Pára, escuda-se o Teucro, e a perna encurva;
475Mas levou-lhe o farpão cimeira e plumas.
Surgem-lhe as iras; da traição coacto,
Mal sentiu que os frisões e o coche o evitam,
A Jove attesta e as aras violentadas,
Acerbo invade com propício marte,
480E, sem descrime na fatal matança,
As redeas sólta á colera terrivel.
Qual deus, quem ha, que em verso me declare
Que estragos na campina e mortos cabos
Derramou Turno agora, agora Enéas?
485E permittis, ó céos, que entre si luctem