veja-se a nota de La Rue ao verso 385 do liv. IV, e ao verso 748 do liv. VI.
772-794. — 808-830. — Mr. Villenave, subscrevendo a pedagogica declaração de M. Tissot, opina com este que A son froid silence, on ne reconnaît pas l'époux désespéré qui vient d'affronter de nouveaux dangers pour retrouver Creuse. Les mouvements d'une passion ardente ne tombent pas ainsi tout à coup, le coeur ne fait pas si promptemente de cruels sacrifices.... L'exemple d'Homère, mais surtout la nature, devait préserver Virgile d'une faute qui malheureusement reviendra plus d'une fois dans le poëme. Examinemos. Procura Enéas a Creusa por toda parte; não a encontra, mas apparece-lhe a sombra della de uma grandeza pasmosa: Mr. Tissot, que não acredita em almas do outro mundo, não se arripiou ao lêr; mas Enéas, acreditando naquella visão, ficou mudo e com o cabello erriçado. Immediatamente a sombra conta-lhe a protecção que recebe da mãe dos deuses e o seu estado de bemaventurança, com o mais que se contêm no seu discurso. E o que faz Enéas? Ainda sob a impressão do extraordinario e milagroso apparecimento, quer fallar e não pode, mas verte lagrimas; vai abraçar tres vezes o simulacro, tres vezes este se lhe escapa, e a final se esvaece em auras subtis. A esta admiravel passagem he que Mr. Tissot argúe de fria! Não sabe que em uma dôr grande a voz falta muitas vezes e he supprida pelas lagrimas? Que devia fazer Enéas? soltar a lingua e desenrolar uma lamuria de legua, á maneira dos amantes das novellas? Se o fizesse, não seria aqui Virgilio o grande conhecedor do coração humano. Mr. Tissot não deu pêso ao extraordinario da visão, ao lacrimantem do original, nem viu que as palavras de Creusa e a honra da sua apotheose haviam de produzir uma certa consolação no espirito religioso de Enéas. Quanto ás faltas que desgraçadamente apparecem no poema, sem dúvida o nosso homem as commette, apezar da sua superioridade; mas a maxima parte das que lhe imputam, está unicamente na cabeça de criticos ou desattentos ou caprichosos.