De improviso o degola ás patrias aras.
Recahiu, morto Pyrrho, em parte o reino
A Heleno, que chamou Chaonio o campo,
Chaonia a terra, de Chaon Troiano;
350Pérgamo, Ilio, he no morro a cidadella.
Qual porêm te dirige ou vento ou fado?
Que deus te arroja ignaro ás nossas praias?
Onde o que te nasceu já Troia em sítio?
D’aura mantem-se Ascanio? inda saudoso
355Da mãe se lembra que perdeu na infancia?
Hombridade lhe inspira e esfôrço antigo
Ser Enéas seu pae e Heitor seu tio?»
Tal n’um contínuo chôro em vão carpia;
Quando com toda a côrte o heroe priameo
360Das murulhas[1] se adianta, e prazenteiro,
Os seus reconhecendo, os encaminha,
E entre fallando largo pranto verte.
No irmos, deparo as tenues Ilio e Troia,
E arido arroio que simula o Xantho;
365Abraço-me aos umbraes da porta Scéa.
Desta socia acolhida os meus se logram:
Regios porticos amplos os recebem.
Copos do paço em meio a Baccho encetam,
Sôbre ouro comem, taças de ouro empunham.
370Corre dia após dia: ao sôpro austrino,
Que nos convida, o cárbaso intumece.
Entro a Heleno e o conjuro: «Ó troico vate,
Que, dos divos intérprete, os influxos
Do Clario Phebo, as tripodes, os louros,
375Que os astros, que dos passaros as linguas
Sentes, e avisos da ligeira penna
(Pois feliz curso oraculos me cantam,
E, a ir dos deuses todos persuadido
Da Italia em busca a regiões remotas,
380Celeno só me augura um monstro infando,

  1. É possível que seja muralhas.