Vai-se da praia o templo retirando.
Primeiro agouro, aqui ginetes quatro,
Alvos de neve, o prado á larga tosam.
E meu pae: «Guerra inculcas; para a guerra
560Se armam, solo hospedeiro, esses cavallos;
Guerra o armento ameaça. Ao carro afeitos
Todavia os quadrúpedes no jugo
Inda podem soffrer concordes freios:
Esperança ha de paz.» Á deusa oramos
565Armísona, que á entrada agasalhou-nos
Ovantes; e, ante as aras phrygio amicto
Nos velando as cabeças, como Heleno
Prescrevera, incensada especialmente
Juno honramos Argiva. Á risca e em ordem
570Cumprido o voto, as pontas reviramos
Das antenas velíferas, suspeitos
Sitios que habitam Gregos desertando.
De Tarento se avista o seio, herculea,
Se he vera a fama: em frente se levanta
575Lacinia diva, e o Scylaceu navífrago,
E as tôrres de Caulon. Distante assoma
O siculo Etna: ouvimos longe o equoreo
Rouco gemido, o embate nos cachopos,
Quebrado o eccho na praia; os vaos resaltam,
580As arêas remexe a marulhada.
E Anchises: «Não me engano, esta he Carybdes[1],
O de Heleno cantado immano escolho.
Certa a voga puxai, livrai-nos, socios.»
Dice e cumprem: no instante Palinuro
585Contorce á esquerda a rugidora proa;
Marêa á esquerda a frota, á esquerda rema.
Curvado o pégo ao ether já nos sobe,
Já desfeito o escarcéo nos baixa aos manes.
O saxeo boqueirão tres vezes ronca;
590Tres espadana a espuma e os céos orvalha.

  1. "Charybdis" na segunda edição.