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Epigramas
XLVII.
O nada.
Ha quem no mundo ſe vio
Sempre em vida deſcançada,
Sempre folgou, ſempre rio;
E do nada naõ ſahio;
Sim; porque ſempre foi nada.
XLVIII.
Conſelho.
Para eſtudo naõ eſcolhas
Filho de cabeça ruda;
E tu a tens, ſenaõ olhas,
Se he ſó de quarenta folhas
O livro, porque elle eſtuda.
LXIX.
Contentamento.
Quem naõ tem contentamento,
Crê, que em caſa alheia eſtá,
O meſmo cuida o de lá;
Mas o que tem bom talento,
Já o naõ procura cá.
Mun-