instantes não pudera responder a D. Rita; mas logo depois as palavras sairiam do coração às golfadas. "Sim, senhora, queria, aceitava; não pensara em outra coisa." Escreveria logo ao pai e à mãe para lhes pedir licença; eles viriam correndo, incrédulos, mas, vendo a carta, ouvindo a filha e D. Rita, não duvidariam da verdade, e dariam o consentimento. Talvez o pai lho fosse dar em pessoa. E nada, nada, nada, absolutamente nada, uma simples recusa, uma recusa atrevida, por que enfim quem era ela, apesar da beleza? uma criatura sem vintém, modestamente vestida, sem brincos, nunca lhe vira brincos às orelhas, duas perolazinhas que fossem. E por que é que lhe furaram as orelhas, se não tinham brincos que lhe dar? Considerou que às mais pobres meninas do mundo furam as orelhas para os brincos que lhes possam cair do céu. E vem esta, e recusa os mais ricos brincos que o céu ia chover sobre ela...

Ao jantar, os amigos da casa notaram que ele estava preocupado. De noite, ele e o secretário saíram a pé. Nóbrega buscou em si o gesto mais frio e indiferente que pôde, quase alegre, e anunciou ao secretário que Flora não queria casar. Não se descreve a admiração do secretário, em seguida a consternação, finalmente a indignação. Nóbrega respondia magnânimo:

— Não foi por mal; foi talvez por se julgar abaixo, muito abaixo da fortuna. Creia que é boa moça. Pode ser também, quem sabe? por ter sido um mau conselho do coração. Aquela moça é doente.

— Doente?

— Não afirmo; digo que pode ser.

O secretário afirmou.