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conservava-se sob o peso do regimen colonial. A politica da metropole afastava cautelosamente do Brasil os talentos, que lhe podiam trazer algum desenvolvimento intellectual.

Assim José Bonifacio, apenas formado, seguio para Lisboa rodeado de merecido renome e prestigio, e com uma reputação litteraria já firmada. Esta circumstancia e a amisade do Duque de Lafões, inclito protector das lettras, deram-lhe ingresso na Academia Real de Sciencias de Lisboa, em cujo seio se reuniam as illustrações litterarias da época.

Entre os brasileiros notaveis que então representavam o Brasil perante a metropole, José Bonifacio apparece como um dos vultos mais eminentes.

A independencia da terra de Santa-Cruz preludiava-se nesse grande movimento intellectual, que abria novos horisontes aos filhos da misera colonia.

Proposto pela Academia Real de Sciencias ao governo portuguez para viajar á Europa conjunctamente com o distincto mineiro Manoel Ferreira da Camara de Bittencourt e Sá [1], José Bonifacio estremeceu de jubilo ao contemplar a brilhante perspectiva de gloria, que lhe estava reservada; e em Junho de 1790 os dous mineralogistas brasileiros deixaram Portugal

  1. Veja-se Historia Geral do Brasil pelo Sr. P. A. de Varnhagen, 2°, 283; e Revista do Instituto Historico, 4°, 415, e 8°, 122.