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que responder, perante o céo, do rio de sangue que de certo vai correr pelo Brasil, com a sua ausencia, pois seus povos, quaes tigres raivosos, acordarão de certo do somno amadornado em que o velho despotismo, e em que a astucia de um novo machiavelismo constitucional, os pretende agora conservar? »

Essas palavras continham por si sós uma revolução inteira. Era o grito omnipotente do Brasil, que se erguia como um gigante para recuperar sua liberdade.

José Bonifacio partio em pessoa para levar a representação do principe, o qual, annuindo ao voto des brasileiros, deixou-se ficar no Brasil, desobedecendo aos decretos das côrtes (9 de Janeiro.)

Desde então a lucta estava travada, e José Bonifacio, que provocára em grande parte esse desenlace, tornava-se o arbitro da situação, e o primeiro responsavel pela nova ordem de cousas.

Comprehendendo a gravidade e o alcance da revolução que se inaugurára, o principe regente demittio o seu ministerio, e por decreto de 16 de Janeiro de 1822 nomeou a José Bonifacio ministro e secretario de estado dos negocios do reino e estrangeiros. [1]

  1. Foram membros deste ministerio de 16 de Janeiro de 1822:
    Negocios do reino e estrangeiros, José Bonifacio de Andrada e Silva;
    Fazenda, Caetano Pinto de Miranda Montenegro e Martim Francisco Ribeiro de Andrada (4 Julho;)
    Guerra, Joaquim de Oliveira Alvares, Luiz Pereira da