BRASILEIRA
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cessiveis ao despotismo quer real quer aristocratico, quer democratico, afugente a anarchia, e plante a arvore daquella liberdade, á cuja sombra deva crescer a união, tranquilidade e independencia deste imperio. [1] »

Defendendo no seio da constituinte essas palavras do monarcha contra uma vehemente opposição, José Bonifacio, arrastado pelo ardor de suas convicções, assim exprimio-se:

« .... Que quer este povo, e para que tem trabalhado até agora tanto o governo? Para centralisar a união e prevenir as desordens, que procedem de principios revoltosos. O povo do Brazil quer uma constituição, mas não quer demagogia e anarchia; assim o tem declarado expressamente e é uma verdade de que hoje não póde duvidar-se.......

.... « Estou certo que todos nós temos em vista um só objecto: uma constituição digna do Brazil, digna do imperador e digna de nós. Queremos uma constituição, que nos dê aquella liberdade de que somos capazes, aquella liberdade que faz a felicidade do estado, e não a liberdade que dura momentos, e é sempre a causa e o fim de terriveis desordens. Que quadro nos apresenta a desgraçada America? Ha quatorze annos que se dilaceram os povos, que tendo sahido de um governo monarchico pretende estabelecer uma licenciosa liberdade, e depois de terem nadado em sangue, não são mais que victimas da desordem, da pobreza e da miseria!

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  1. Falla do throno, na abertura da constituinte, em 3 de Maio de 1823.