BRASILEIRA
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o paiz á uma situação anormal. O monarcha quasi isolado no seio da nação, em flagrante antagonismo com a opinião liberal, tão poderosa nessa epocha.

Aproximavam-se os dias sombrios da revolução...

Desenganado por uma dolorosa experiencia, havendo já tocado essa quadra fria e tristemente dosoladora da velhice, o illustre proscripto beijou a terra de sua patria, quando já os acontecimentos iam dizer sua ultima palavra.

Conservou-se, nesse pouco tempo, retirado dos publicos negocios, refugiado na solidão de suas sentidas meditações, que mais ainda enlutava a tenebrosa perspectiva do futuro.

A revolução de Abril appareceu.

Nessa crise suprema que ia decidir dos destinos do imperio, na hora solemne em que a adversidade transpunha as avenidas do paço, o monarcha voltou-se para o seu velho amigo, tão injustamente maltratado por elle out'ora, nomeou-o tutor de seus filhos no Brasil, [1] e deixou para sempre a patria, que adop-

  1. « Tendo maduramente reflectido sobre a posição politica deste Imperio, conhecendo quanto se faz necessaria a minha abdicação, e não desejando mais nada neste mundo senão gloria para mim e felicidade para minha patria, hei por bem, usando do direito que a Constituição me concede no cap. 5º, art. 130, nomear, como por este meu Imperial Decreto nomeio Tutor dos meus amados e presados Filhos ao muito probo, honrado e patriotico cidadão José Bonifacio de Andrada e Silva, meu verdadeiro amigo.