— Simples. Muito bem. Encostou a vassoura, saiu a correr.

Manhã inútil. Depois do almoço sentei-me à mesa, abri a pasta o fiquei largo tempo a olhar as folhas densas, cruzadas de riscos, sarapintadas de nódoas que ainda mais complicavam a interpretação daqueles gregotins intrincados.

Levantei-me, saí ao corredor querendo ver o ponto em que me aparecera a visão. Examinei atentamente o soalho, as paredes, o teto como à procura de uma fresta por onde houvesse passado o corpo fluido que surgira ante mim, em atitude de estátua, tomando-me o passo. E ali esqueci-me, o espírito perdido, o olhar inerte, parado, na contemplação airada do inexistente.

Tornei à saleta sorrindo do meu terror, abri a janela ao sol, acendi um cigarro e, sentando-me à mesa, prossegui na tradução:

“Desse dia em diante a minha vida mudou como um rio que, rolando angustiado em áspera, sombria garganta, por um leito