dos sentidos. Belo, verdadeiramente Belo só o Ideal. A noiva de Menipo é um símbolo. Não há formosura que resista ao Tempo, e o Belo é eterno como o Ser.

Eu te digo: há ocasiões em que me sinto ardentemente apaixonado e a Mulher que eu amo (chamemos-lhe Mulher, que é a expressão do feminino) não vive, e existe; é imaterial e eu sinto-a. Vejo-a numa onda de sons como se vê o fumo que sobe dos turíbulos. Envolve-me com a sua essência e dá-me o puro gozo espiritual, que é o êxtase, mais doce, mais fecundo que o espasmo efêmero que gera a morte. É a Melodia, dirás. Não sei, eu chamo-lhe Amor. Nunca amaste?

— Verdadeiramente, nunca. Tenho tido impressões fugazes.

— Fugazes... O amor é uma ideia fixa: sobe do coração em sentimento e torna-se pensamento no cérebro. Quem sabe lá? Esse homem encontrou, talvez, em Miss Fanny o complemento do seu ser, o seu feminino. Eram duas ânsias que se procuravam no Ideal. As palmeiras não amam à distância?