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Quando a sós, e coitadinha
No seu ninho tão mimoso
Outra pomba a acarinha
Com candura,
Com duçura,
Em seu somno d’almo goso:
És como ella,
Meiga e bella
Neste encanto primoroso.

És o suspiro da vaga
No seu longinquo morrer,
Que lentamente divaga
Na encosta que vae bater.
És a saudade da vida
Tão querida,
Já volvida,
Já volvida em meu viver.
És espr’ança
De bonança
De quem da vida descrer.

Tu és tudo, e mais ainda
De teus Pais és dôce encanto,
Qu’imprimiram em face linda
Innocencia em brilho tanto.
Que em mago e doce enleio,
D’amor cheio,
Casto seio
Recebe o meigo pranto,