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A QUEIMA DE UM BOSQUE.


Plus pâle que la pâle automne
Tu t’inclines vers le tombeau!

         Millevoye.


Em um bosque, onde eu outr’ora
Divaguei, — se vê queimado,
Em trevas já não namora
O rouxinol engraçado.
Já não tem inspiração!
Assim dizia com paixão,
E com dôr no coração
Um mancebo desgraçado.

Ó bosque, que tanto amei,
Vosso luto é minha sorte,
Que por elle eu divisei
O meu preságio de morte.
Os orác’los não procuro
P’ra dizerem meu futuro,
Bem sei que é immaturo,
Inabalavel e forte.

«O fado dizia,
Qu’o bosque queimado,
Eu não viveria,
Estaria enterrado!»