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ESPUMAS FLUCTUANTES

Não foram as cidades, que brandiram
As torres como facho... e te aclararam...
Quem foi? Silencio!... tremulo de medo
Vejo apenas — um mar... vejo um — rochedo.

A terra, o mar, os céos... espaço estreito
Eram p′ra tua planta de gigante.
Para tecto dos paços teus foi feito
O firmamento colossal, fluctuante
Como diadema — os sóes... E como leito
O antarctico pólo de diamante...
Teu feretro, qual foi?... Titão do Sena,
O penhasco fatal de Santa Helena...

Assassina do Encelado da guerra
Só tu foste, Albion... do mar senhora...
Porque? Por um pedaço ahi de terra
Foi pedir-te o gigante em negra hora...
E lhe deste um penhasco... Oh! lá s′encerra
Tua lenda mais horrida... Traidora!
Lá seu espectro envolto na mortalha
Aos quatro céos a maldição espalha...

Ao leão que temias, enjaulaste;
E de longe escutando seu rugido,
Tu, senhora do mar... tu desmaiaste!
Pelo punhal traidor elle ferido